Como se livrar de tranqueiras

As coisas que se acumulam, que a gente compra ou ganha de presente e que vão ocupando os espaços úteis e mesmo aqueles vazios na casa e dão a sensação permanente de desarrumação precisam de duas ações constantes, integradas à rotina diária:

  1. Destranqueirização: 15 minutos diários concentrados, em que você examina o conteúdo de um cômodo e decide o que vai ser jogado fora ou doado. Uma idéia é estabelecer um número de coisas para desobstruir: 27 é o número da Flylady. Um desafio: você consegue se livrar de 27 coisas em 15 minutos?
  2. Desempilhamento: sabe aqueles lugares na casa em que a gente vai deixando as coisas apoiadas, sem perceber, e acabam virando focos de bagunça? Eu tenho 3 na sala: uma mesinha do lado da porta que foi pensada para deixar as coisa que preciso levar quando saio, um móvel que era para apoiar um aquário e que acabou apoiando também chaves, vidros vazios de conserva, remédios, fluido de isqueiro etc. e o balcão que divide a sala e a cozinha: um verdadeiro campo magnético para deixar (e largar) qualquer coisa que esteja nas mãos da gente quando passamos por ali. Esse tipo de tranqueira precisa de vigilância constante: todos os dias é preciso parar dois ou três minutinhos (se isso estiver integrado numa rotina, melhor) para pegar essas coisas e ou jogar fora ou guardá-las em seu lugar.

Não parece, mas de pouco em pouco a casa vai ficando tão mais gostosa. O importante é lembrar que pior é nada – por mais pequena que seja a ação, se ela tiver alguma constância, vai aos poucos vencendo o caos.

Então, a primeira sugestão é: arrumar um pouco todos os dias – melhor se fizer parte da rotina.

A segunda sugestão: faça isso acompanhada de 3 caixas: uma para as coisas que serão jogadas fora, outra para as coisas que precisam ser guardadas em outro lugar e ainda uma outra para as coisas a serem doadas. Ter um pano de limpeza para tirar o pó enquanto vai fazendo a destranqueirização ajuda.

Terceira dica importante: coloque um timer, um alarme, para tocar em 15 minutos. E então descanse um pouco (outros 15 minutos?) ou mude de atividade: vá guardar o conteúdo da caixa que tem as coisas fora do lugar, por exemplo. Você pode retomar isso depois, o importante é se colocar em primeiro lugar: a casa ficará limpa e organizada para você, então não adianta ficar exausta, de mau humor e rosnando para quem te acompanha na jornada.

Não se preocupe se neste exato momento você ainda não tem um lugar para cada coisa: com a liberação das tranqueiras você vai ganhar de volta gavetas, estantes, armários e finalmente terá lugares determinados para cada coisa.

Como classificar as coisas? As seguintes perguntas podem ajudar:

* Eu gosto desta coisa? Eu realmente gosto deste bibelô, desta capa de chuva, desta revista?
* Usei esta coisa durante o último ano? Quando tirei as tranqueiras da despensa encontrei pacote de sopa vencido há 3 anos. Deprimente.
* Será que não é mesmo lixo? Aquelas chaves que nem você nem o Oráculo de Delfos sabe mais que porta abre, por exemplo.
* Tenho isso em duplicata? Que tal ficar com o melhor? Conheci uma senhora que ganhou 3 liquidificadores em jogos de bingo diferentes – o que você faria? Eu daria um de presente, doaria  o outro e ficaria com um para usar em casa. Ela preferiu guardar os três no quarto de empregada, eu hem?
* Essa coisa tem valor sentimental e, portanto, é importante para mim? Nesse caso, é bom perguntar: é algo que dá alegria e traz boas lembranças ou é uma coisa que me faz sentir culpada e triste?

 

Escolha uma música animada para tocar enquanto se livra das tranqueiras. Costuma dar uma acelerada no processo, porque fica mais divertido. Lembre: você está fazendo isso porque quer que a sua casa seja um lugar em que se sente bem, em que sua família e amigos se sentem acolhidos – e isso com a maior facilidade possível.

 

Tranqueiras do mal

Não, não é o Poltergeist. São as tralhas que a gente vai acumulando quase sem perceber e que vão inutilizando gavetas, dificultando a limpeza, que nos entristecem a alma. O que é uma tranqueira do mal?

  1. é algo que faz o seu coração doer só de olhar – aquele vaso liiindho que a sua tia avó queridíssima te deu e que fica em exposição no móvel da sala só para ela ver. Ou aquele presente que te lembra uma pessoa horrorosa.
  2. uma coisa completamente inútil que fica ocupando lugar. Eu tenho, neste momento, um ótimo exemplo: embaixo da minha mesa de costura tem uma tevê daquelas enormes, de tubo. Nós temos já uma tevê das modernas, fininhas, em cada cômodo da casa em que se pode precisar de uma. O que é que essa tevê monstra está fazendo aí? Ocupando espaço e envelhecendo, quando poderia servir MUITO para a Legião da Boa Vontade ou o Lar São Francisco.
  3. tem aquilo que não é exatamente tranqueira, mas vira uma quando está fora do lugar. Você pega uma coisa aqui, usa, deixa ali – logo, logo, a casa está uma confusão doida. Chaves DENTRO da geladeira, quem nunca?

A solução é simples: 15 minutos de destranqueirização! Coloque o alarme do celular, um timer de cozinha (aqueles que você gira para um lado) ou um timer fodástico especialmente feito para isso – para contar 15 minutos. Nesses 15 minutos, você vai separar tudo o que estiver tranqueirando no ambiente em 3 caixas/ recipientes: um para JOGAR FORA, outro para DOAR e um último para GUARDAR NO LUGAR.

Assim que os 15 minutos terminarem, será preciso levar o lixo para fora, colocar a caixa de doações no carro para levar e sair pela casa com a caixa de coisas para guardar… guardando. Aí você pega e descansa durante 15 minutos – esta parte é muito importante, porque normalmente dá a LOUCA e a gente pode passar o dia fazendo isso. O resultado é que ficamos exaustas e daí levamos meses para ter coragem de destranqueirizar alguma coisa de novo. Pouco a pouco – é importante: a Flylady diz que a casa não ficou suja em um dia, portanto não dá para querer que fique como nova em um dia.

O prêmio: um ambiente muito mais agradável de olhar e muito mais fácil de limpar.

 

Tranqueiras, quem nunca?

Então, uma das coisas que dificulta a limpeza e a vida de modo geral são as tranqueiras que a gente vai guardando. Essas tranqueiras podem ser agrupadas em algumas categorias – a primeira grande subdivisão são as tranqueiras do bem e as tranqueiras do mal. Neste post, vamos discutir as tranqueiras do bem:

  1. Coisas de que você gosta porque trazem lembranças agradáveis;
  2. Coisas que têm alguma utilidade para algum membro da família.

Então, as primeiras  precisam ficar em lugar de destaque, para serem realmente fonte de prazer – você anda pela casa e tem um quadro com os cartões postais ou fotos de lugares que você visitou. Se tiver tendências para o artesanato e tempo (não é o meu caso), dá para fazer um quadro grande com mapas, fotos etc. O ruim é quando essas lembranças lindas ficam todas acumulando poeira e aranhas numa gaveta onde você nunca olha. Ou enfiadas num envelope (é o meu caso) no meio de um monte de papéis com os quais você não sabe o que fazer. Eu já separei as que mais gosto e vou mandar fazer um quadro para pendurar na parede. Assim elas não se estragam e eu posso ter a alegria diária de vê-las.

As segundas são coisas que têm alguma utilidade. São realmente utilizadas em algum momento do ano e merecem ser guardadas (não estou falando de partes de coisas quebradas que já foram substituídas, daquele controle remoto que você não sabe mais o que é que controla). Essas coisas precisam ter o seu lugar e ele não é a mesinha da sala ou ali, junto com as panelas (vocês também acham coisas em lugares bizarros?). Ferramentas, numa caixa num lugar determinado – se você acha que embaixo do sofá é um bom lugar, ok, mas que todas as ferramentas fiquem lá, limpas e organizadas. Eu ainda estou tentando convencer meu marido de que as ferramentas precisam ficar nas caixas (ele tem DUAS – e eu ainda encontro chaves de fenda em lugares estranhos todas as semanas). Há dois dias tivemos que pegar uma chave de fenda emprestada porque ele não encontrou nenhuma – adivinhe porquê!

Os princípios

Todo este sistema de organização tem como base 3 ideias maravilhosas:

  1. O combate ao perfeccionismo. Sabe aquele desânimo que dá quando você olha a limpeza que seria necessária e vê que não vai dar conta em menos de quatro horas de trabalho? Ou quando a pessoa que mora com você tenta ajudar e você fica irritadíssima porque não fez do jeito “certo”, aí xinga a criatura e ninguém nunca mais ajuda porque não sabe fazer mesmo? Bom, essas são duas expressões do tal perfeccionismo. A gente só acha que vale a pena fazer se fizer tudo absolutamente nos conformes. E isso paralisa, porque então não se faz nem um pouquinho, já que se não fizer perfeito, melhor não fazer nada. E aí o pó se acumula, as pilhas de coisas no chão, o limo no quintal… ufa.
  2. Um pouquinho de cada vez. A Flylady lá dos EUA estabeleceu para suas seguidoras que um tempo bom e suficiente para fazer qualquer atividade são 15 minutos. Dá para fazer uma boa quantidade de coisas e o melhor é que você não se esgota. É importante a gente se cuidar – não adianta a casa perfeita se você está esgotada demais para aproveitar e rosnando para a família. Há muito tempo atrás eu limpei o chão da sala e não queria que ninguém pisasse para não sujar, porque eu tinha LIMPADO. Meu irmão não podia entrar em casa e ninguém podia sair da cozinha ou dos quartos, porque a sala era passagem.  “Mas você quer o quê? Que eu flutue?!!!!” – basicamente, sim. A loucura chegava a esse ponto.
  3. Rotinas de limpeza e de uso do tempo. A Flylady mostra como é que ela faz, e a gente adapta o sistema dela. Tem rotinas diárias (ao levantar, após o almoço e antes de dormir), semanais (a geral na casa, compras e uso de comida, descanso e lazer) e mais ou menos mensais, que são o seguinte: a casa é dividida em regiões (zonas) e a cada semana o foco é a limpeza detalhada numa delas, de modo que cada parte da casa é profundamente limpa a cada mês ou mês e meio – nesse meio tempo, é só manutenção.  Essas rotinas podem/devem ser adaptadas e personalizadas, sempre a partir da base que ela dá.

O mais bacana é que ela manda emails diários, um com o plano semanal, para a gente saber o que nos espera e um email diário com as instruções gerais para  o dia (vários, na verdade, porque ela vive e mantém o site vendendo uns produtos que combinam com o que ela faz).  Como eu não sou uma empresa, vou explicando nos posts como o sistema funciona e traduzindo os planos semanal e diários, com os comentários de como faço as adaptações.